quinta-feira, 12 de abril de 2012

CAPÍTULO 12 - COM PATO FU EU APRENDI QUE...

É... andei mais sumido que Pepê e Nenê nesses últimos dias. Bem, como avisei no último post fui pra CB city e, como não poderia deixar de ser, tudo muito lindo por lá. A farmácia de Zenóbia tá em reforma e o pão do Compre Bem tá levemente melhor que o de Valdir, mas Valdir é mais perto da minha casa. Semana santa é sempre especial. Além do feriado em si, há todo o clima espiritual onde nos lembramos da morte de Cristo. Na igreja, como tradição, ocorre a semana do calvário com cultos familiares em pontos da cidade. Enfim, muito bom como sempre.
Uoou, o terceiro ano estava a todo vapor! Com o uniforme feioso que íamos todos os dias pro colégio mostrando nossa árvore-pirulito estampada na frente. No meio do ano foram marcadas eleições para a direção da escola. Dois candidatos apareceram. Professora Edy e o professor Edivaldo. Todo o colégio tinha medo da professora Edy, todo colégio adorava o professor Edivaldo. Todo o colégio ia bem em geografia. Todo o colégio ia mal em matemática. A professora Edy era a mestra da matemática. Nossa estratégia estava muito bem definida, muito melhor do que qualquer agência publicitária poderia supor em suas vãs criações, nós estávamos decididos a eleger Edyzinha paz e amor. Se ela fosse eleita deixaria a disciplina e todos os alunos que já se sentiam pendurados poderiam passar de ano; imagina reprovar no terceiro, não rola. A campanha começou. Edy que sempre foi durona e muito séria foi aos poucos amolecendo aquele coração e andava de braços dados com Juliana pelo pátio, deixava que os meninos carregassem seu material e nós nos empenhávamos em puxar, digo, elevar o nome da professora na frente do restante do pátio. Tinha tudo pra dar certo.
Lá pelo meio da eleição os professores ainda estavam com suas respectivas disciplinas. Toca a sirene do fim do intervalo. Desligam o som da rádio que com certeza tocava uma das duas opções:
- alô galera de cowboy, alô galera de peão; ou,
- pra dentro dos seus olhos, pra dentro da memória te levei...
Fomos todos pra sala. Eu pego um giz e começo a escrever gigantemente na lousa: VOTE EM EDY, até que o professor Edivaldo aparece na porta. Ao que eu rapidamente emendo VOTE EM EDYVALDO. No fim das contas Edy teve 40 votos, o número de alunos do terceiro ano e Edivaldo os outros 2000 votos dos alunos do Poli, e foi eleito... Foi uma derrota por uma pequena margem. 
Com a vitória do professor de geografia a disciplina foi ocupada por outro. Lá pela sua terceira semana de aula Roberto Marinho resolve morrer. Morto o dono da Globo o professor, egresso de uma universidade federal e que carregava ainda consigo a ânsia socialista de mudar o Brasil e nisso quase gritava pra gente Viva a Sociedade Alternativa, de barba e tudo, nos pergunta em sala: "Qual o maior brasileiro morto neste ano?" As opções eram Roberto Marinho ou um cara da ONU que tb havia morrido naqueles dias. Eduardo aqui prontamente berra: Roberto Marinho! Pra quê... começou a discussão. Eu, capitalista toda vida, discutindo com um socialista convicto que odiava a Globo e o sistema. (Pausa reflexiva: eu nunca entendi o sistema. Se ele cai no banco você não paga as contas, se ele fica fora do ar no call center você fica ouvindo musiquinha. E pra piorar, aqui em Brasília, na EPTG, aqui perto do Guará, tem a ONS, o Operador Nacional do Sistema. Toda vez que escuto esse nome ou passo por lá eu imagino um homem, um operador, cuidando de todo o sistema do Brasil. Alguém conhece esse operador nacional do sistema, é concurso?) E aí era livro voando, o saruê de Neura correndo, Juliana gritando, eu defendendo Roberto Marinho e o professor jogando sua pilha de livros na mesa e abandonando a turma. Saiu e não voltou mais. Nem lembro quem assumiu depois a matéria, mas perdemos o discípulo de Stálin, sumiu igual caneta Bic...
Vitórias... derrotas. Hoje pensei muito sobre isso. Eu tenho um grave defeito. Quando tenho minha opinião confrontada vou até o fim defendendo-a, não sei dar o braço a torcer e se estiver convicto de que to certo... aff. Não admito nada menos que a "vitória" numa discussão. Hoje me meti numa lide novamente, assim como 9 anos atrás. Depois de muito me esforçar mostrando meu ponto de vista me senti como na música do Pato Fu "As brigas que ganhei nenhum troféu... as brigas que perdi, essas sim, eu nunca esqueci". Nem sempre o resultado vitorioso de um confronto é positivo. Há certas coisas que não merecem ser ditas, por mais que sejam verdades - ainda mais quando se tem amizades em jogo. Sublimar... essa é a palavra de ordem em muita coisa na vida. Ser certo nem sempre nos dá o direito de mostrar essa certeza a todo custo. Nem todas verdades sinceras nos interessam, algumas merecem o silêncio. Sábio o homem que sabe ser político em todas as situações e imparcial nas horas mais necessárias. Eu tomo partido mesmo, vou até o fim e me lasco defendendo o que penso. Não me arrependo de ter dito o que disse, foi um desabafo durante uma enxaqueca sem-noção e muito forte. Mesmo assim vou falar menos, ou mesmo não falar nada, já está de bom tamanho. Como faz gente? Terapia? Cada vez que sentir vontade de defender uma opinião. Seja ela qual for. 
- Feijão com arroz ou arroz com feijão?
- Qual a melhor comida, mineira ou goiana?
- Toddy é melhor que Nescau?
Não falo mais nada. Sei que estou certo em todas essas respostas (!!!!) mas, prefiro não comentar! Chega!

quinta-feira, 29 de março de 2012

Nota Extraordinária - To em CB City

Estou aqui em CB City. Faz um calor de lascar e o prefeito ainda não tapou alguns buracos mas nada disso tira o brilho dessa cidade linda demais da conta.
Por enquanto tudo normal. Dom Alano tá firme em sua estátua acenando pra quem chega na Praça da Matriz, Leni de Tinzeta foi comprar pão antes do padeiro chegar na padaria. A ponte do Setor Buritis quase ao lado do Hotel Serra Verde ainda não foi arrumada. Tia Magna começou lavando a loja dela e acabou jogando água e produto de limpeza na Rua do Comércio inteira. Deram uma limpada no mato que tava a UEG e a obra do prédio da Caixa Econômica tá bem adiantada.
Depois novas notícias.




terça-feira, 27 de março de 2012

CAPÍTULO 11 - O INESQUECÍVEL UNIFORME DO 3º ANO

Abandonei o blog por 3 dias. É que voltei pros livros. Fui pra livraria, comprei livros e voltei a estudar. Desde que comecei a correria de me tratar e ir a Goiânia quase toda semana pra fazer exames, e me consultar com minha médica, eu não havia mais tirado tempo pra estudar de fato. Agora, voltei! Tratamento iniciado, estudos recomeçados.
Aliás, estudar de verdade tinha sido uma promessa que fiz a mim mesmo durante as férias de 2002. Aquele ano que se encerrou com a vitória do Lula na eleição deixou lembranças de um ano que foi muito bom! Já o ano seguinte, 2003, me deixava com frio na barriga só de imaginar. Era o último ano da escola, o último antes do vestibular e o primeiro de muita incerteza.
Comecei meu terceiro ano com 15 de idade, ainda sonhando em ser jogador de vôlei, um famoso escritor ou presidente do Brasil, sonhos e sonhos, era tudo o que eu tinha naquele ano. Não sabia lhufas do que queria ser de verdade. Profissão pra mim era algo muito estranho, era um moleque ainda. No primeiro de janeiro houve a posse do Lula. Foi um dia bem chuvoso. Era a direita do país que chorava copiosamente de medo, que o diga Regina Duarte que foi à TV bradar "eu tenho medo! Medo, muito medo". Acho que muitos tinham medo, eu tinha. Mas no fundo tínhamos esperança de melhoras também.
As aulas iniciaram e a rotina voltou ao normal. Deram-nos a maior sala do colégio, cabiam fácil uns 60 alunos ali. Sorte nossa, íamos jogar muito volei com bolinha de papel no fundo desocupado da sala, sem contar o truco, já oficializado como esporte do colégio e bancado por nós, que resistíamos às ameaças de disciplina do coordenador.
O ruim do terceiro ano foi que Larissa resolveu ir embora de CB. Veio pra Brasília estudar. Hoje é surreal, mas ainda tenho cartas que nós enviamos. (nota explicativa: tempos atrás, antes do email se popularizar e do msn também, a população mundial se correspondia enviando cartas pelo correio. Era um procedimento simples: você escrevia o que queria informar à outra pessoa em folhas de caderno, colocava num envelope, pagava 25 centavos pelo selo [ou 1 centavo por carta social que vinha com selo do Seninha] e enviava sua carta pelo Correio [aquele prédio ali ao lado da CELG em CB, ele serve pra isso]).
A providência mais urgente de todo terceiro ano é escolher um uniforme pra ser diferente do resto dos mortais alunos das outras séries. Começamos a providenciar o nosso. Queríamos algo inovador, high-tech, muito lindo, uma camiseta que entrasse pra história da escola como a mais... mais.. não tenho palavras, seria a mais mais dos terceiros-anos (não sei se o plural é esse) e nos pusemos a trabalhar. Thaisy e eu fomos ao colégio à noite visitar os terceiros do noturno pra definir cor, modelo, essas coisas... conseguimos convencer as turmas de que azul seria a cor daquele ano. Era uma cor nova, não usada ainda, seria lindo! Colocaríamos uns detalhes legais, enfim, nosso uniforme entraria pro rol das melhores criações de todos os tempos. Escolhida a cor levamos a proposta pro diretor. Algum aluno iluminado que quero esquecer quem foi resolveu que seria legal colocar uma árvore segurando um globo terrestre na frente da camiseta. Um desenho lindo! Encaixava-se perfeitamente com nosso sonho de mudar o mundo. Pegamos a figura e mandamos pra serigrafia. Explicamos pro diretor qual era o azul e esperamos.
Enquanto a camiseta não ficava pronta as meninas da sala se divertiam definindo temas pra nos vestirmos. Chegavam e anunciavam: gente amanhã todo mundo de preto! Amanhã todo mundo de cowboy! Amanhã todo mundo de bermuda... e por aí foi.
Com muita ansiedade chegou o dia da entrega das camisetas. A propaganda foi tanta que o colégio estava em cólicas para ver nossa criação. Aquela turma que já estava famosa por ter feito aquele halloween estava pronta pra surpreender novamente. Chega o diretor na sala. Abre a porta. Fecha a porta. Olha para nós. Sorri. Coloca a caixa em cima da mesa. Olha pra nós. Não sorri. Abre a caixa. Faz um discurso onde certamente disse Duralex sed lex. Olha pra nós. Sorri. Começa a entregar as camisetas. Nossa ansiedade era tanta que alguns davam gritos pra abrir logo o pacote. O primeiro aluno caminha rapidamente. Recebe a encomenda. Olha pra nós. Sorri. Tenta abrir a embalagem. Olha pra nós. Sorri. Rasga a embalagem. Olha pra nós. Sorri. Tira a camiseta. Olha pra nós. Chora. Deu tudo errado! A camiseta havia ficado um grau acima do que se pode definir como horrível! Nunca ouve na história do Polivalente uma camiseta de terceiro ano mais feia que a nossa. O desespero tomou conta da turma inteira. E nosso nome? E nossa propaganda? Que azul desbotado e horrível era aquele? E a árvore? Porque ela parecia o pirulito da Chiquinha? Vergonha. Começaram um motim pra não querer usar a camiseta, a coitada era no mínimo, desastrosa. Alguns vestiram e já saíram com ela no intervalo. Esculacho geral. Aquela que era pra ser a melhor de todos os tempos era agora o pior uniforme já visto. Todo mundo ria da gente pela escola. O jeito foi usar todo bom humor, colocar Juliana à frente da turma berrando gentilezas pra todo mundo que falava que a gente tava feio e aguentar a zoação o ano inteiro.
Um ano antes a camiseta dos meninos do terceiro ano havia sido laranja, eram os entregadores de gás. No ano retrasado havia sido verde, eram os funcionários do Supermercado Goiás. Agora era nossa vez. Pelo menos o azul horrível tinha essa vantagem. Ele era de um tom tão feio que ninguém em comércio algum já o havia usado, éramos os primeiros corajosos...
E pra piorar a minha numeração veio errada. Me confundiram com Seu Barriga. Logo eu que era um palito de magro. A camiseta, além de feia, ficava parecendo uma bandeira e eu a haste onde ela ficava tremulando.
Acho que outro desapontamento assim só no dia do resultado do meu exame. Que susto! Saí do consultório tão desnorteado com as informações que bati o carro. Bati não, encostou de leve num outro. E o pior é o que vem depois. Ao invés de zoação, como no caso da camiseta, a internet e suas informações ajudam a aumentar o desespero. Se você quer se aprofundar em qualquer assunto médico, vá ao hospital e se consulte com um especislista. Na ânsia de entender o que estava acontecendo comigo, com o meu fígado, desobedeci o conselho que me deram ao diagnosticar a hepatite e fui procurar informações. É impressionante o nível de desgraças que a internet apresenta. Poucos sites, talvez só o do Ministério da Saúde, dá informações coerentes e não-desesperadoras. Quase surtei calado, sem comentar com minha família das minhas "descobertas". Depois, quando fui à minha infectologista, as informações enfim se encontraram com a realidade.
Já nossa camiseta, essa nunca se encontrou com a realidade. A minha tá lá em CB, guardada, bem guardada. Até virou memória afetiva mas não sei se usaria novamente!

quinta-feira, 22 de março de 2012

CAPÍTULO 10 - É PENTA BRASIL É HALLOWEEN EM CAMPOS BELOS!

Passadas as emoções do primeiro semestre de 2002 que incluíam o êxtase nacional pela conquista do penta na copa do mundo de futebol, Campos Belos e eu caminhávamos como que flutuando, pisando em nuvens. A taça era novamente nossa, Romário não havia ido à Copa, apesar da insistência do país inteiro inclusive do presidente FHC e mesmo assim "nós" voltamos da Ásia campeões. Vieram de volta toda a seleção, a taça e Fátima Bernardes.
Naquele ano as eleições para presidente se aproximavam e pela primeira vez Lula parecia cada vez mais favorito para ganhá-la. Essa não era como das outras vezes em que ele surgia na frente mas logo ia caindo até perder, dessa vez parecia haver uma só voz querendo colocar o ex-sindicalista no poder. Não era diferente em CB city. Nunca vou esquecer da reação da minha avó quando Lulinha paz e amor foi eleito. Ela assinava uma revista de moda e a edição seguinte à posse veio com Mariza Leticia Lula da Silva na capa. Desconfiadíssima Dona Terezinha ficou olhando pra revista por uns 10 segundos e disse "Que saudades da Dona Ruth Cardoso, agora nossa primeira dama sai em revista de moda" e começou a folhear. Tenho pra mim que esse exemplar desapareceu.
Lá pela metade do segundo semestre foi anunciado em sala que nós teríamos que fazer um trabalho para a aula de inglês, algo grande que envolvesse cultura americana ou inglesa, músicas em inglês, falas em inglês e aí nos instantes finais da aula dedicamos tempo a pensar. Exposição? Seminário? Porque não usar o pátio da escola num dia de High School (o seriado nem sequer pensava em ser feito)? Até que alguém sugeriu: porque não fazemos uma festa em sala, com música, cartazes, o halloween tá chegando mesmo. Até que, juro que posso rever essa cena, ou sena como diria Sasha. A professora colocou a mão no bolso, olhou bem para nós e propôs "Porque não fazermos uma festa grande, como as que o Polivalente já teve no passado?" Nota explicativa: durante a década de 80 as melhores festas da cidade aconteciam no Polivalente. Foi algo que marcou toda uma geração, como a dos meus pais. Depois de um tempo as festas no colégio sumiram e a não ser pela festa junina ninguém associava nosso colégio a festas. Voltando. Sinceramente queria saber o que aquela professora viu na nossa turma para, em meio a tantas, nos escolher pra fazer o trabalho dessa forma. Um bando de adolescentes. Eu tinha 15 anos na época. E os gastos? E a banda? E os contratos? E os cheques? Ela confiou tudo a nós e colocou o próprio nome em jogo.
Ficou então decidido. O Polivalente teria novamente uma festa digna daquele tempo dos nossos pais. Era pra valer!
Começamos então os preparativos: Larissa, Thaisy, Cléssio e Amanda, divulgação. Gordinho, Alemão, Ewerson e Raimundo, o bar. Adriane, Juliana Regino, Juliana Santos, Larissa, Thaisy, Mariane, decoração. Confesso que eu nunca fui um grande entusiasta das festas propriamente ditas. Eu não iria em nenhuma delas pelos próximos anos (sim, elas se estenderiam até a faculdade e quase virou empresa) e acho que por isso nem posso contar em detalhes o que aconteceu porque nunca participei de fato das nossas festas. Eu apenas ia nas reuniões, ajudava numa coisa aqui e ali, mas meu nome nunca estava diretamente envolvido. Era meio que quebra galho mesmo. Estou dizendo isso porque sei que esse é um dos posts mais aguardados, assim como das demais festas porque elas foram o auge da nossa turma e nos fizeram conhecidos até nas cidades vizinhas, mas... me desculpem leitores amigos de CB, eu simplesmente não sei muito sobre as festas, só o que se passava antes dela e a bagunça que ficava depois!
O desenrolar dos preparativos ocorreu dentro do previsto. Brigas na metade do tempo e euforia na outra metade. A decoração foi uma coisa bem típica do halloween americano. Caixões, abóboras, velas e tudo que pudesse ser lembrado como dia das bruxas foi espalhado pela escola. 
As festas em CB naqueles dias, não tenho a mínima ideia se hoje ainda são assim, seguiam o perfil de um baile. Portanto, metade do espaço era ocupado com as mesas das festa. Para você ir à festa você deveria "comprar uma mesa". Se não quisesse poderia comprar um convite individual e não se sentar! Basicamente uma divisão de classes, o PT ainda não estava no poder mesmo.
Fato é... foi professora assinando cheque, Larissa coordenando o povo, Thaisy comandando o dinheiro, Gordinho correndo atrás de bebida, o resto do povo bebendo, banda impactus tocando, povo bebendo, povo dançando, povo bebendo e a festa rolando . No fim,um sucesso! Como já disse no outro post, a cidade ficou curiosa pra ver que festa era essa que fez anúncios tão legais ao som de "Calada noite preta..." e prometia algo jamais visto. Não preciso dizer que tiramos 10 em inglês pelo resto dos bimestres. Estava implantada, pelo menos pelos próximos anos, essa influência anglo-saxã em CB city. A festa teve um lucro alto mas, pergunta se nós vimos a cor do dinheiro? Pagas as despesas entregamos tudo, tim tim por tim tim pro diretor da escola. Não me lembro dele ter nos agradecido em nenhum plenário. Agradeceu? É... santa ingenuidade a nossa. E ainda juramos segredo eterno, agora revelado, porque pegamos escondido uma mixaria de sei lá.. 50 reais num caixa dois e tomamos sorvete depois da aula uma semana. Ô mas éramos muito crianças mesmo. Aquele dinheiro todo era nosso por direito e demos de bom coração para ajudar a escola.
O primeiro halloween que fizemos foi um tiro no escuro. Podia dar certo, mas poderia muito bem dar errado. Hoje, anos depois fico pensando em como aqueles meninos, sim, éramos adolescentes inconsequentes, agiam com tanta responsabilidade. Os contratos que fechávamos eram da ordem de milhares e não de centenas de reais, com banda, fornecedor de bebida, aluguel de coisas... E sempre havia a preocupação de honrar todos os compromissos, continuar sendo os bons alunos que éramos nas outras disciplinas e, o mais importante, mostrar pros nossos pais que aquela turma quando se juntava podia fazer muita coisa acontecer. Esse post me dá saudade! Muita saudade.
Hoje, no começo do meu tratamento, peço a Deus pra que ele também dê certo e que o remédio que é uma tentativa de diminuir a replicação do vírus no corpo faça efeito e cumpra seu papel. A tudo que nos propomos na vida temos dois caminhos. Ou se encara com responsabilidade e assume de fato o que se deve fazer ou deixamos de lado e tocamos as coisas como se não fossem importantes. Tenho tentado ser o mais responsável o possível com esse tratamento. Li na bula do remédio que constataram um efeito muito maior quando se toma o comprimido duas horas, pelo menos, após a última refeição e duas antes da próxima. Coloquei meu despertador pra me acordar toda madrugada. Levanto às cinco e tomo, faço orações da jornada espiritual que somos convidados a fazer e volto a deitar um pouco. São detalhes que fazem a diferença na nossa vida. Fernando Henrique Cardoso o que queria Romário na copa, no seu excelente livro A Arte da Política, aliás, deveras recomendado (sim, eu admiro muito nosso ex-presidente pela sua capacidade intelectual - foi inclusive eleito um dos 10 intelectuais vivos - e também pelo fato de ter tirado esse país que tanto amo da falência, com o plano real) em um trecho ele escreveu algo que é muito oportuno pra tudo na vida. Seja uma grande festa comandada por inexperientes, seja um tratamento que está no começo. Diz ele: "... em todas as partidas políticas em que me meto, e não só nas eleitorais, entro sempre supondo a possibilidade da derrota. Quando ganho, naturalmente me sinto gratificado, mas nunca o suficiente para esquecer o quanto custou a vitória; quando perco, durmo com a esperança do amanhã". 
Ganhando ou perdendo haverá um amanhã, para comemorarmos ou recomeçarmos! Naqueles dias fomos mais que vencedores, assim como espero que eu e todos os meus amigos sejamos hoje.
Nossa turma no 1º Halloween, 2002. Como não ia nas festas,
não estou na foto!

quarta-feira, 21 de março de 2012

Nota Extraordinária - Iogurteira Top Therm, alguém tem?

Duas coisas que sempre achei muito difíceis de acontecer comigo estão acontecendo. Ando tendo muito sono e falta de apetite. Não é com uma frequência definida, tipo, todos os dias. Mas vem acontecendo. Tem dias que o apetite some de uma maneira que fica impossível comer qualquer coisa. Só mesmo forçando a vontade - logo eu que sempre comi demais e toda hora. E o meu sono que sempre foi pouquíssimo tem aparecido com certa frequência. Hoje mesmo acordei 8:30. Um cansaço sem explicação também, uma moleza. Até agora é isso.
Penso que terei que ligar pra pedir uns remedinhos pra me ajudarem a voltar a ter apetite. Estou com uma séria dúvida. Iogurteira Top Therm ou Cogumelo do Sol. Não sei. Acho que vou pedir os dois e mais uma Tekpix.
RedeTV. O maior centro médico do Brasil.
       

terça-feira, 20 de março de 2012

CAPÍTULO 9 - UMA DOSE DE CULTURA POP, POR FAVOR.

Quem, de três milênios, não é capaz de se dar conta, vive na ignorância, na sombra, à mercê dos dias, do tempo.” Essa citação de Goethe abre O Mundo de Sofia. Li esse livro pela primeira vez em 1998, aos 11 anos, comprei numa livraria numas férias em Caldas Novas, ao chegar em CB city emprestei pra vários amigos. Até que meu exemplar sumiu!
Talvez o maior incômodo das gerações pré-internet que nasceram e cresceram em pequenas cidades do interior e distante de grandes centros, fosse o isolamento cultural, essa ignorância de que Goethe fala. A forma mais rápida de acompanhar tudo o que ocorria no restante do mundo era através da TV e dos jornais e revistas que assinávamos. Nota explicativa - os que cresceram em grandes cidades não me venham pensando que nós nascidos em interior vivíamos como no Xingu, até porque o Xingu hoje é cult, tem até filme. O que acontecia era um isolamento da grande cultura pop. Músicas, filmes, por exemplo, demoravam além da média pra estarem disponíveis para nós em CB. 
Uma das maiores fontes de status naqueles dias era, quem viveu sabe, chegar com as novidades depois das viagens. É engraçado falar isso porque se tornou até o bordão que alguns amigos, me lembro bem de minha amiga Monica Bressiani, e eu, enfim, que usávamos quando o assunto era esse. Era a melhor forma de definir a maneira quase brega (vejam bem, eu não disse brega, brejeiro ou nada do tipo) com que alguns tentavam explicar seus gostos estéticos no limite entre o estranho e o tolerável. Era só dizer "É a última moda em Goiânia" e pronto, estava justificado e perdoado qualquer excesso de bizarrice de alguma Dama (??) ou dos playboys da sociedade camposbelense (quem viu e ouviu aquelas motocas Biz com caixas de som tocando pela cidade sabe do que to falando). Hoje não! Nada justifica ficar mais isolado do mundo. Com internet e TV a cabo só não vem atrás quem já morreu. E não tem mais essa de dizer que é a última moda em Goiânia. Falar isso soa como... vamos deixar pra lá. Amo demais meu estado e isso já justifica e perdoa qualquer influência do nosso regionalismo ali na região do Meia Ponte. Se eu amanhecer morto por favor usem este post no inquérito.
Voltando pra era antes da banda larga. Viver em CB city e conseguir estar a par do que acontecia no restante da Via Láctea nos demandava tempo. A nossa geração era de meninos que sabiam que o mundo fervilhava e nós já perdíamos muita coisa por estar longe do que acontecia. Então, a solução era levar o que pudéssemos pra nossa cidade. 
Foram muitas tardes de filmes na casa Thaisy. Às vezes rolava de ir mais gente e nosso público aumentava, mas os espectadores assíduos mesmo eram Thaisy, Cléssio, Adriane e eu. Eu juro que posso ouvir todo mundo falando alto e ao mesmo tempo chegando na casa da ruiva pra assistirmos nossos filmes. Numa sessão o filme era por conta minha e da Adriane o lanche era coisa do Cléssio e da Thaisy, na sessão seguinte invertia as responsabilidades. Até o videocassete (sim, ainda pegamos a fase do videocassete), nós queimamos um dia. Foi um fumacê na casa toda, alguém liga pros bombeiros! Mentira, não tem bombeiro em CB. Abafa, joga água. Os mosquitos estão fugindo. Queimamos o coitado. Como há males que vem pra bem, tia Fátima comprou em seguida um DVD. Na falta do combo de pipoca e refrigerante na entrada do cinema, nós mesmos fazíamos nossos lanches. Era tanta especulação pra quase sempre acabar na mesma coisa. Patê e torrada. Alguns desses filmes deixaram lembranças. Alguém, por gentileza, liga pra minha amiga, a ruiva dona da casa e avisa que A Bruxa de Blair é só um filme. Capaz de hoje, casada, concursada, viajada e loira, ela ainda acreditar que os jovens realmente morreram e acharam as gravações na floresta. E alguém tira de circulação O Exorcista, por favor. Esse nós assistimos meio-dia e eu fiquei meio mês sem conseguir andar em casa à noite. E assim eram nossas tardes pelo menos umas duas vezes por semana. Assistir a 7ª arte, alugar filmes (alguém ainda tem esse costume que era tão pop nos anos 90?).
Rádio que é rádio em Campos Belos tem que tocar sertanejo, música gospel e mandar abraço pra lista telefônica inteira. Por mais que a cidade cresça, evolua, apareça... não adianta. Rádio é algo neanderthal em minha cidade. Por isso sempre me recusei escutar. E não me venham com discursos de antropologia pra eu aceitar o sertanejo e o forró como fatores regionais, sociais, linguísticos, behavioristas, Saussure, Pontes de Miranda, Hebe Camargo ou Farinha com Rapadura! Rádio em CB é sempre a mesma coisa. Houve um dia, no entanto, que a encheção de saco tava tão grande com aquela mesmice de música nas duas emissoras da cidade que um pessoal da nossa turma (se falar galera fica muito Roberto Justus?) decidiu que naquele dia o sertanejo não ficaria na lista das mais pedidas no final da tarde. Para isso montaram uma pequena central telefônica em suas casas e passaram o dia pedindo pra tocar Me Lambe, dos Raimundos (a banda ainda existia). E deu certo! O locutor, pasmo, teve que naquele dia se render aos anseios daqueles meninos (me senti agora nas Diretas Já, Caras Pintadas, Ocup Wall Street, marcha contra corrupção), que não sabia nem pronunciar o nome da música no final do dia, no topo! "É isso mesmo produção?" teria dito ele. Não sei se depois houve alguma outra música fora do circuíto sertanejo-forró-gospel-novela da Globo que figurou acima na lista.
Além disso haviam as festas. Sobre elas haverá um post. Mas nesse momento de contra cultura que nós desejávamos fazer em CB city, talvez um dos mais emblemáticos fosse a realização anual do Halloween. Por causa da minha convicção religiosa, dessas festas eu nunca participei. Mas eu compartilhava da empolgação dos meus amigos e o mais impagável era ver as ruas do centro de CB com suas muitas lojas (sim, Campos Belos é um centro comercial muito forte pra toda a região, hoje então, nem se fala...) enfeitadas e com anúncios do Halloween em suas vitrines. Hoje não sei se ainda fazem, naqueles dias era uma festa já no calendário da cidade. Tipo carnaval e pecuária. Até hoje fico de cara pelas meninas terem lembrado da música de Vamp (nota explicativa 2: pra você que não estava vivo em 1991 e não assiste o canal Viva, Vamp foi uma novela que antecipou Crepúsculo em 20 anos. Matosão e Natasha eram como Edward e Bela naqueles dias) voltando, fico besta desses meninos terem lembrado de "Calada a noite preeetaa, noite preeetaa" pra divulgar, acho que a primeira versão da festa? Foram dias fervilhantes em CB city. E olha que tudo começou numa noite chuvosa de 31 de outubro, anos antes, com um bando de loucos desligando os padrões de energia, tocando campainhas... aiai loucura, loucura.
Ou você acha que brincar de adedonha (ou stop...) só com nomes de bandas e cantores ingleses/americanos, percorrendo todo o alfabeto, era coisa fácil? Né Naty? Lembro bem da paixão de Larissa por Red Hot, Thaisy com Scorpions, Livia com Kurt Cobain (rendeu até apelido), Natália com Hanson (!!!!).
Informação, meus caros, é tudo que precisamos buscar. Transformar essa informação em sabedoria é o passo seguinte. Quando éramos adolescentes em CB e estávamos buscando conhecer o que o mundo aqui fora tinha e fazia, era isso que garimpávamos. No mundo super conectado de hoje em dia ainda causa espanto o quanto de desinformação ainda há. Por exemplo, mais de três milhões de brasileiros são estimados como portadores de hepatite, apenas 150 mil sabem e se tratam. Quando assisti a reportagem do Dr Drausio no Fantástico, ano passado, sobre a hepatite eu fiquei tão impressionado com aquelas informações que fiz o exame em seguida, deu positivo! O meu caso foi quase que literalmente um empurrão de Deus na minha vida mas ainda existem muitos milhões que não sabem. Uma epidemia silenciosa. Ainda naquela reportagem me lembro dele dizer que na cidade de São Paulo, quase 10% das manicures se infectaram com a hepatite B nos salões. E quase nenhuma manicure em geral foi tomar vacina (que é de graça) para trabalhar com objetos cortantes que têm contato com sangue. E, por fim, quase metade dos brasileiros, 100 milhões de pessoas, é muita gente, não sabem definir o que é uma hepatite. Eu mesmo não sabia. Até diagnosticar. 
Buscar o saber, buscar conhecimento é algo tão fácil hoje em dia. Ignorância é, na minha opinião, um dos piores defeitos de qualquer ser humano. Dentro das suas limitações cada um de nós pode buscar saber um pouquinho mais. Isso pode salvar vidas. Como disse Abraão Licoln "Não estimo muito o homem que não é mais sábio hoje do que foi ontem.." Vamo gente, vamo buscar! Tô indo pegar um livro.

segunda-feira, 19 de março de 2012

Nota Extraordinária. Sou jovem!

Aniversário é algo curioso. Os meus em particular são a personalização das dicotomias, dos paradoxos, dos antagonismos, dos contrastes  e... acabou meu estoque de palavras nesse sentido. Quando criança eu contava ansiosamente os dias pra chegar logo 18 de março. Quando a data chegava eu ficava besta, introspectivo, bobo. Não sei porque mas a euforia da véspera acabava no dia. Na escola nós éramos em 3 os aniversariantes. Simone, prima da Elaine, filha de Zú; Daniela filha de Orlando Caetano e irmã de Orlando Júnior e eu. Foram muitos parabéns coletivos até a 5ª série, enquanto estudamos juntos.

A minha cota de sangue indígena, que sequer sei se tenho mesmo, aparecia com mais força no dia 18 do 03 de cada ano. Ao nascer o sol nesse dia eu saía da expectativa do dia 17 pra ficar pensativo e acanhado. As fotos que tenho das festas que tive quando bebê são uma negação. Eu chorando litros e minha mãe com cara de "quem inventou essa presepada?", em todas. Por isso foram só 3, na derradeira, do Rambo (ter tido festa do rambo entrega a idade, mas era moda, até faixa vermelha amarraram na minha testa), eu até que não tava chorando tanto, mas ainda assim a cara era de pouquíssimos amigos. Lembro bem de duas situações que eu odiava: o dia de cortar o cabelo e as festas de aniversário. Nas duas era choro sem fim. Até hoje fico adiando ao máximo cortar o cabelo, coisa que ainda detesto e festas de aniversário ainda me dão arrepios. A mais emblemática, ou problemática, foi a de 17 anos. Meus amigos da escola mais o pessoa que foi conosco pra Porto Seguro na viagem de formatura, organizaram uma festinha. Tão empolgados eles tavam. Combinaram com minha mãe e tal... só esqueceram de me avisar. O meu papelão teria sido menor. Na época eu ainda fazia faculdade em CB. Saí da aula super desconfiado e fui pra casa. Não passou 10 minutos chegou todo mundo.  Na hora eu quis um buraco. Que vergonha. Fiquei dentro de casa e não saí pra recebê-los. Não lembro como, mas dei um jeito de sair escondido e fui pra casa da minha avó. Foram todos atrás. E aí estou eu lá, exilado, ouvindo um sermão da vó e chegam todos novamente. O mais engraçado foi Wallace, um dos nossos amigos na época, que é, digamos, um pouco mais baixo que eu, tentando quebrar um ovo na minha cabeça, acho que no quinto pulo ele alcançou. Até hoje tenho vergonha daquele dia. Foi no mínimo horrível o que fiz. Não sei porque reajo assim, não sei lidar e comemorar com festas essas datas que me dizem respeito, sou muito besta, muito jeca-tatu. Acho que nunca pedi desculpas a todos por aquele dia. E não estou fazendo mea-culpa, sou um caipira mesmo pra essas coisas. Saio correndo, me escondo, fujo a galope disso tudo. Se serve de consolo, até almoço na casa da vó Terezinha, coisa das mais sagradas, eu deixei de ir em aniversário por causa dessa Casmurrice e numa festinha que minha tia fez assim que me mudei pra Brasília eu não consegui evitar a cara de bunda, nessa foi pior, até meu pai veio pro meu aniversário e eu sem conseguir disfarçar como tava animado... Posso passar a noite lembrando de fatos assim em aniversários. Definitivamente não nasci pra festas e comemorações, ainda mais quando ligados a mim. E foi assim em tudo na vida. A mais recente foi não participar de nada da formatura da faculdade. Pedi apenas um culto de ação de graças, feito lá em CB, que já emendei como sendo comemoração pela OAB também. De início aceitei a ideia de um almoço ou jantar na casa de uma tia que caberia todo mundo e poderia chamar todos pra passar o dia na piscina. Depois a ideia foi minguando, minguando e decidi apenas pelo culto mesmo.

Hoje eu acordei novamente assim. Acabrunhado. Pensando em minha vida. Esse foi um aniversário mais diferente ainda. Longe da família, de CB... e em 6 anos aqui eu não conheço muita gente em Brasília - não deve passar de 10 a minha lista de amigos, conhecidos e família caso fosse fazer uma comemoração, o que obviamente não acontece... Enfim, enquanto colocava uma roupa na máquina pra lavar e lavava a louça do almoço, fiquei pensando em como tenho motivos pra agradecer. Do meu modo tosco, torto, sem graça, mas tenho. Se hoje faço 25 anos é porque Deus permitiu que eu os fizesse.
Eu não paro de descobrir coisas no mínimo engraçadas sobre mim. Tempos atrás, com uma cólica renal, descobri que meus dois rins estão do mesmo lado. Foi preciso repetir os exames pra acharem. Todo mundo consegue dobrar a ponta da língua, eu não. Aliás minha língua não sai pra fora praticamente nada. Os meninos no acampamento esse ano quase morreram de rir. Ela é pregada quase na ponta. Ninguém pode me acusar de dar língua pros outros. Minha orelha direita tem a cartilagem da parte superior colada enquanto a esquerda tem aquele vãozinho comum das orelhas. Nascer com dentes já foi tema de outro post. E por fim, meus olhos são como os da Narcisa lá do programa das mulheres que gastam demais ou do promotor, o Cembranelli: um abre mais  que o outro. Só percebo isso olhando em fotos. Diz aí, esse menino é um milagre!
Desses 25 anos vividos assim, com essas estranhezas, mais enfurnado do que na rua, mais calado do que falando, eu posso dizer, foram muito bem vividos. Foram muitas viagens em família e depois com amigos. Foram muitos momentos de pura risada com meus tios que sabem fazer piada 10 vezes melhor que eu. Foi mais um tanto de momentos inesquecíveis com meus amigos da igreja e mais outro bocado com meus amigos da escola, da vida! Só tenho que agradecer por ter a família que tenho. Que até hoje me dá base pra ser tudo o que sou. Por ter sido ensinado a amar e respeitar um Deus que é criador, que é salvador (em épocas de Jesus no funk, Jesus no rock, vem bem a calhar lembrar que Deus é Deus) por ter tido as oportunidades que tive - inclusive de descobrir minha hepatite, de uma forma tão providencial que só pra quem acredita em Deus e seu cuidado torna-se algo capaz de se entender. Por ter a chance de me tratar antes que a dor viesse e o tratamento já não pudesse fazer muita coisa. Agradeço a Deus por ter me permitido chegar até aqui.
Hoje à tarde me permiti ver gente, saí um pouco! Olha que evolução. Usei meu Polo Azul Ralph Lauren, presente da minha tia ano passado e que se tornou fácil fácil o cheiro de perfume que mais gosto. Pus uma roupa mais ajeitada e fui ao Iguatemi. Me comprei um presente. Assisti ao filme da Margareth Tatcher e fui ao culto depois. Esse aniversário foi diferente. Ainda não consigo esbanjar uma comemoração com muitas pessoas, quem sabe chego lá. Mas foi diferente porque pela primeira vez entendi como é bom completar mais um ano. Não devíamos ler isso apenas como uma felicitação. Continuar vivendo e ter motivos pra comemorar nossas datas importantes são privilégios dados por Deus. Demorei 25 anos pra entender isso, ter que me tratar pra continuar ser saudável me fez ver esse aniversário sob outro prisma. O filme da Tatcher me deixou pensativo e com os olhos vermelhos em pelo menos duas cenas (nota explicativa: como diria minha amiga Carolina Machado Moreira, emoção e sensibilidade são pros fracos; não me venha com choro, emocionalismo, pois, como diz dona Magnólia Modesto Costa Lucas, minha mãe, não convence em nada. Demonstrar muito os sentimentos nunca foi algo muito visto na minha família) vendo aquela pessoa que um dia foi a mulher mais poderosa do mundo em um estado de senilidade ou caduquice como diríamos em CB, me fez pensar em como temos que aproveitar nossos melhores dias, em como temos que viver pensando em que marca estamos deixando, o que estou fazendo ou como bem disse o pastor Paulo Alvarenga na ação de graças de quando me formei "estamos buscando impressionar ou influenciar?". A Tatcher influenciou. E eu meu Deus, que será que tenho feito. E nós?
Encerro esse post de agradecimento a Deus, à minha família e aos meus amigos com uma fala da Tatcher que me deixou impressionado e me fez pensar enquanto voltava dirigindo pra casa, admirando a bela Brasília à noite, o que é um presente também, sob uma chuva fina que Deus também nos deu: "Cuidado com seus pensamentospois eles se tornam palavrasCuidado com suas palavraspois elas se tornam açõesCuidado com suas ações pois elas se tornam hábitosCuidado com seus hábitospois eles se tornam o seu caráter. E cuidado com seu caráterpois ele se torna o seu destino."
Feliz vida pra todos!
Numa noite de natal na ceia da minha avó.
Meu pai, a Rafa, irmã  e eu


Viagem com a família pra Caldas Novas, 1994
Sério, muito sério.
Nas férias da faculdade em CB.
Festinha de aniversário da Larissa.
Minha prima, Gracy e eu.
No culto de ação de graças quando
formei e passei na OAB.